sábado, 3 de setembro de 2016

(Transporte individual) Mototaxistas cada vez mais são vítimas de ‘calotes’


          A falta de uma gestão pública efetiva já demonstrou seus impactos negativos na sociedade. Empresários e trabalhadores buscam novas medidas para superar a crise e recuperar o investimento perdido. Em Tupã, mototaxistas estão sendo vítimas da crise.
Hoje, muitos trabalhadores da categoria sentem os efeitos do desemprego e a falta de renda da população, que cada vez mais deixa de utilizar esse meio de transporte. Outros que ainda utilizam, enfrentam dificuldades para pagar a “corrida” dos mototaxistas. Com isso, esses profissionais enfrentam dificuldades para se manter no mercado.
Tupã possui 95 mototaxistas cadastrados, de acordo com dados da Secretaria Municipal de Trânsito. Segundo o funcionário do setor administrativo da pasta, Marcos Elias Francisco, há denúncias de mototaxistas que tentam burlar a legislação para se manter empregados, sem cumprir as leis trabalhistas. “Porém, os denunciantes não sabem informar as placas e nem mesmo a empresa em que os ‘clandestinos’ trabalham”, salientou.
O funcionário destacou que a pasta não tem condições de fiscalizar esses casos. Por isso, conta com o auxílio da Polícia Militar e dos agentes de trânsito. “Ficamos com um número de funcionários reduzido, após a exoneração dos comissionados”, afirmou.
Caso o mototaxista clandestino seja flagrado atuando sem cadastro na prefeitura, Francisco disse que ele terá o veículo apreendido e responderá pelo exercício irregular da profissão. “Se o mototaxista clandestino quiser se regularizar, ele terá que pagar as despesas documentais, realizar o curso na cidade de Marília, estar com a sua moto regularizada e pagar as taxas para obtenção da placa em cor vermelha. Além disso, o dono da base do mototáxi também será penalizado”, ressaltou.
Gastos
Proprietário de uma agência de mototáxi, Ismael dos Santos Fruteiro disse que a profissão de mototaxista em Tupã está cada vez mais difícil. Ele destacou ainda que os funcionários sentem dificuldade para cobrir as despesas das “corridas”, por causa do preço do litro da gasolina, cobrado nos postos de combustíveis. “Nas cidades de Queiroz e Lins, por exemplo, o litro da gasolina é R$ 0,20 mais barato. Não dá para entender esses preços abusivos em Tupã, sendo que há tantos postos de gasolina e uma forte concorrência”, afirmou.
Salário
Em média, um mototaxista ganha em Tupã cerca de R$ 1,2 mil mensais. Fruteiro destacou que essa renda é quase inviável para sustento da família. “O trabalhador tem gastos com manutenção do veículo e com a sua família. Ele tem que rezar para a moto não quebrar”, observou.
Outro problema enfrentado pelos mototaxistas, segundo o empresário, é a falta de manutenção das ruas da cidade, que possuem diversos buracos. “Os mototaxistas têm que fazer de conta que esses buracos não existem. O asfalto possui apenas uma camada fina, que não suporta uma semana de chuvas. Não há suspensão que aguente, com tantos buracos nas ruas. Os pneus novos chegam a fazer bolhas ao passar nesses buracos”, enfatizou.
Fruteiro explicou que a manutenção de um pneu furado custa cerca de R$ 15,00. “A corrida do centro da cidade a um bairro custa R$ 5,00 e, de bairro a bairro, R$ 6,00. O litro da gasolina custa quase R$ 4,00”, observou.

Crise
O empresário destacou que a atual crise política e econômica do País comprometeu o desenvolvimento dos municípios, a renda da população e a “corrida” dos mototaxistas. “A cidade já não tem nenhuma indústria. Uma grande que tínhamos, a Granol, já foi transferida para outra cidade. Tupã não tem incentivo para indústrias e sofre com o desemprego”, ressaltou.
Dificuldade
O seguro pago por um mototaxista por mês é de cerca de R$ 17,00. O empresário disse que a indenização paga ao profissional, caso seja vítima de acidente no trânsito, cobre parcialmente as despesas. “A indenização é de quase um salário mínimo, sendo paga no período de 30 dias. Depois disso, alguns mototaxistas se arriscam ao voltar para o trabalho, mesmo não estando completamente recuperados”, afirmou. “Mototaxista tem que ser guerreiro, ou abandona a profissão. E com o desemprego, a situação não está fácil”, acrescentou.
Perigos
Fruteiro salientou que todos os mototaxistas estão sujeitos a serem vítimas de furtos e roubos em Tupã. “Graças a Deus esses casos diminuíram, mas temos que ficar atentos”, salientou.
O empresário explicou que em Tupã aumentaram os casos de passageiros que não pagam - completamente - a “corrida” dos mototaxistas. “A pessoa pega o mototáxi para ir para casa. Chegando lá, paga apenas R$ 2,00 ou R$ 3,00 e ainda fala que só tem aquilo. O mototaxista tem que aceitar essa situação”, destacou. “Por causa disso, alguns mototaxistas chegam aqui (na agência) bravos, discutem e outros dão risada. Sabemos que as coisas não estão fáceis para ninguém. E tem gente ainda que reclama dos mototaxistas”, concluiu. 


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