sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

Mãe mobiliza a internet ao publicar desabafo sobre filha com síndrome de Apert

A publicação da mãe de Bruna, Katia Regina, sobre o preconceito viralizou na última semana.

TupaCity.com/Watana Melo
Na última semana, uma publicação no Facebook chamou a atenção dos internautas e provocou uma grande mobilização dos tupãenses. Mais que um desabado, a tupãense Katia Regina Lossila expôs em sua página no facebook, além de uma bela mensagem sobre preconceito, uma lição de vida.

A publicação comoveu tantas pessoas que teve mais de 500 compartilhamentos, 1.700 curtidas e mais de 200 comentários de carinho e incentivo, levando o Tupacity.Com a querer saber mais dessa história. Segundo Katia, a iniciativa da postagem surgiu através dos grupos existentes no Facebook que abordam a síndrome de Apert, a mesma de sua filha Bruna, de 15 anos, que ilustra o post na rede social.

Causada por uma rara mutação, a síndrome de Apert é uma desordem genética que, por consequência, causa o desenvolvimento incomum das extremidades do corpo, como a cabeça, as mãos e os pés, ocorrendo em 100 a cada 160 mil nascimentos.

O texto, apesar de não ter sido escrito por Katia, retrata o sentimento que mãe sente em relação à diferença física devido a síndrome como uma diferença comum, não como uma incapacidade ou doença. Apesar da diferença física, assim como todos nós somos diferentes entre si, não há nada mais que seja incomum, já que levam uma vida totalmente normal.

Katia descobriu a síndrome de Bruna só após o nascimento e contou que em nenhum momento teve algum sentimento de revolta ou rejeição. "Eu não fiquei impressionada, só queria saber o que ela tinha e qual seria o tratamento. Mas na época ninguém sabia me falar ainda", relatou a mãe.

Bruna, hoje com 15 anos, é uma adolescente normal e muito amada. Recebeu todos os tratamentos necessários, conta com o carinho e todo o apoio da família e dá uma lição de moral para aqueles que ainda a enxergam diferente. "A Bruna sempre foi uma menina muito resolvida, ela tem uma personalidade forte. Se quiser gostar dela gosta, senão ela não liga. Quantas vezes a gente se dói por alguém olhar torto e ela nem liga", contou Katia.

A diferença física, seja por cor, deficiência ou síndrome, que é o caso da Bruna, infelizmente, ainda é motivo para muito preconceito. Seja um olhar de curiosidade ou então uma risada tímida, isso ainda incomoda e causa uma situação desagradável. Katia ressaltou que a curiosidade parte mais pelas crianças, mas que sempre tem olhares de diferença.


Bruna e sua família em sua festa de 15 anos (Reprodução: Facebook)


Todos somos diferentes

A psicóloga Daniele Sanches, especialista em psicologia infantil, explicou que os pais têm grande importância nesse assunto, já que devem explicar que todos são diferentes. "Todos nós possuímos características diferentes, e que somos especiais independente de termos 2 pernas ou não ter, somos seres humanos únicos que devemos respeitar uns aos outros", explica a psicóloga.

Além disso, Daniele salienta que toda a sociedade deveria aproveitar as oportunidades para repensar suas próprias práticas e atitudes que possam reproduzir o preconceito. "Superar as diferentes formas de discriminação depende de um profundo processo de reflexão e autocrítica. Pense, avalie suas ações, a forma como vem produzindo esse olhar e tente perceber se você mesmo está ou não reforçando estereótipos ou sendo excludente", explica.

Hoje, mesmo com todo acesso à informação, a sociedade ainda enfrenta dificuldades em se informar sobre o assunto, acabando reproduzindo, de forma errônea, um preconceito que é originado pela própria falta de informação.

A Bruna é só um, dentre muitos outros casos, que mostra à sociedade que ser diferente não é algo negativo e nem a faz menos que qualquer outra pessoa. Em um trecho da carta escrito aos seus pais em sua festa de 15 anos, Bruna dá uma lição de igualdade e amor: "Eu tenho a síndrome de Apert, e com muito orgulho disso, pois sempre tive forças pra superar as dificuldades que me trouxe [...>. Até porque não é a síndrome que me define, e sim os valores que vocês [pais> me ensinaram [...>".



Confira o texto na íntegra:

ELA NÃO É DOENTINHA, pelo contrário muito saudável, às vezes até mais que você...
Não, ELA NÃO É UM CASTIGO, castigo é ter que conviver com pessoas como você...
ELA NÃO TEM PROBLEMINHA, você que tem quando sua ignorância fala mais alto, quando não sabe respeitar as diferenças...
ELA NÃO É COITADINHA, pelo contrário é muito querida e amada por todos nós ❤...
Sim, ela vai ter vida normal como já tem e vai fazer tudo que você fez ou faz.
Tudo no seu tempo, assim como todas as pessoas.
Se você tiver grávida, não precisa ter medo de olhar para ela, se você tem medo de ter um filho especial, você não esta preparada para ser mãe. Filho não é aquele smartphone que você comprou e veio com defeito ou não gostou e você quer devolver, consertar ou trocar por outro, pense nisso 😉...
Deus nunca erraria em sua escolha, concordam?
Leia, se tiver dúvida pergunte, use a tecnologia, o google, mas não seja indelicado(a). Estou a disposição para esclarecer as suas dúvidas. Ah... sim, você não é obrigado a saber, verdade, mas eu também não sou obrigada a ouvir seus comentários infelizes. Aliás a minha única obrigação é te manter informado, assim evitamos muitos aborrecimentos.
Ensine seu filho a amar, independente das diferenças. Seu filho não nasceu preconceituoso. A referência dele é você!
Minha filha é muito especial pra mim e me sinto especialmente abençoada e feliz na missão de tê-la como filha, proteger e cuidá-la, ser seus olhos, boca, braços/pernas e aprender todas as grandes lições de vida que ela me ensina. Feliz de quem tem a permissão de receber um anjo na sua vida.
Amor da minha vida! ❤
#Bruna
Compartilhem pra que assim os preconceituosos reveja seus conceitos e perceba que o doente aqui são eles!!!

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