Nem
todos os homens são pais, mas todos os homens têm um genitor. É
interessante que não temos um pai, mas sim vários pais construídos em
momentos diversos que totalizam a essência que construímos em nosso
imaginário, da figura de um pai.
A
relação entre pais e filhos é de grande ambivalência devido à
multiplicidade de afetos envolvidos na construção da paternidade. É uma
mistura de afeições, muitas vezes contraditórias que nos embebecem numa
profusão de sentimentos moldando-nos à experiência intersubjetiva.
Se
buscarmos uma narrativa na Grécia Clássica, teremos a história do
parricida Édipo, que devido a uma discussão banal mata sem saber o
próprio pai, que na infância o abandonara. Essa história é a mola
propulsora de parte considerável da Teoria Psicanalítica – O Complexo de Édipo (etapa
do desenvolvimento psicossexual do menino, que se distingue quando ele
principia a sentir um agudo fascínio pela figura materna e se rivaliza
com a figura paterna).
Por
outro lado, olhando a cultura judaico-cristã temos a história contada
por Jesus do Filho Pródigo, que desejava a morte do pai para pegar a sua
herança, e depois de certo tempo recebe a absolvição do pai por este
ato nefasto. Ficando manifesta a ideia de perdão tão presente na boa
paternidade. Os homens que constroem um caráter de forte dignidade, o
exercem na relação com os filhos.
Uso
estes exemplos presentes em nossa cultura, pois fazem parte do
inconsciente coletivo, marcado pela luta entre pais e filhos. Todavia,
essa luta é de suma importância para forjar o modo existencial de cada
filho, porque no relacionamento entre pai e filho se arquiteta a
moldura, que se encaixará a psicodinâmica das instâncias do ser
interior.
A
relação entre esses dois elementos (pai e filho) através da vivência
unitária, produz o ser da dicotomia parental. Neste modo de viver, dois
seres emergem em grande medida à maneira de objetivação e subjetivação
inerente à condição do homem biopsicossocial.
Pai,
como é importante sua vida na biografia de cada filho! Pai é alguém que
está para ser um dos primeiros a possibilitar o exercício de
alteridade. Indivíduo com a possibilidade de nutrir afetivamente o
filho, logicamente que esta concepção está coerente para aqueles que
vestem a indumentária do pai suficientemente bom, daquele que olha a sua
prole com ternura e carinho.
Para
o filho que tem a alegria de ter um pai significativamente positivo,
mesmo que seja na sua memória, conseguirá ter a construção de uma
vivência com a possibilidade da transmissão das características boas do
ser humano, pois o indivíduo é em grande parte a soma de suas
influências sociais, que o formata com o jeito peculiar que cada um
carrega em sua vida.
(*) AGUINALDO ADELINO CARVALHO
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