quinta-feira, 24 de agosto de 2017

Hospital Regional realiza a primeira captação de coração infantil de sua história em Presidente Prudente

Procedimento envolveu 22 profissionais de saúde nesta quinta-feira (24). Fígado e rins de uma menina de 12 anos também foram captados.

Por Wellington Roberto, G1 Presidente Prudente 
 Presidente Prudente, a primeira captação de coração infantil da história da unidade de saúde, em 20 anos. Além do coração, também foram captados o fígado e os rins de uma menina de 12 anos.
Captação ocorreu na manhã desta quinta-feira (24), em Presidente Prudente
(Foto: Wellington Roberto/G1) 
Na manhã desta quinta-feira (24), foi realizada no Hospital Regional (HR), em
Segundo o médico coordenador da Comissão Intra-hospitalar de Transplantes do HR, Renato Mazaro Ferrari, os órgãos foram encaminhados para as cidades de Sorocaba (SP) e São Paulo (SP) e beneficiarão cinco crianças. O procedimento envolveu 22 profissionais de saúde.
Há quatro anos uma captação infantil também foi realizada no HR, porém, na ocasião, a doação foi de fígado e rim. “Além de ser a primeira captação de coração infantil, também é o primeiro procedimento realizado em uma criança após a implantação da Comissão de Transplantes”, explicou Ferrari.
O médico explicou que a morte cerebral da doadora foi confirmada às 16h desta quarta-feira (23) e, a partir dessa informação, a equipe do hospital contatou a família sobre a realização da possível doação.
“Nesse caso, a forma de aceitação foi surpreendente. A família concordou em fazer a doação e, partindo disso, iniciamos os trâmites para a realização do procedimento”, afirmou o coordenador.

As crianças que receberão os órgãos foram internadas ainda na noite desta quarta-feira (23), em um hospital particular, em Sorocaba (SP), e no Instituto do Coração (Incor), em São Paulo (SP), para iniciarem a preparação para o transplante.
Após a captação, os órgãos foram transportados em dois voos fretados até as cidades de destino. Participaram da captação seis profissionais do Incor, três do hospital de Sorocaba (SP), dois anestesistas do HR, quatro integrantes da Comissão de Transplantes, duas pessoas da Organização de Procura de Órgãos (OPO), de Marília (SP), três profissionais de enfermagem do HR e dois integrantes da Santa Casa de Misericórdia de Presidente Prudente.

Importância da doação


O coordenador da Comissão de Transplantes informou que a doação de órgãos infantis ainda é mais difícil de ser obtida do que a de adultos.
“No caso de criança, há um impacto emocional muito forte da família, quando fica sabendo da perda, pois existia toda uma perspectiva de futuro para aquela criança. A cada 50 registros de doações de adultos, surge uma infantil. Mesmo com toda essa carga emocional, é importante que as famílias pensem no próximo e que o gesto da doação pode salvar outras vidas”, explicou Ferrari.

O médico ainda explicou que, nos casos de adultos, alguns doadores ainda demonstram o interesse de realizar o procedimento enquanto estão vivos, mas as crianças não têm essa maturidade. “Por isso, o papel da família é importante nesse momento. Principalmente em crianças, como também nos adultos”, esclareceu o coordenador de transplantes do HR

Família


Andréa Monteiro da Silva, irmã da doadora de 12 anos, explicou que acredita que a decisão para a doação dos órgãos seria um desejo da menina. “Imagino que ela gostaria que isso fosse feito. Ela sempre gostava de ajudar o próximo”, afirmou Andréa.
A doadora, Ana Caroline Monteiro dos Santos, caçula da família que reside em Iepê, foi internada nesta quarta-feira (23) no HR e, desde os primeiros exames, os médicos já haviam informado a família sobre a gravidade do seu estado de saúde, segundo a irmã.
“Os médicos nos informaram sobre a suspeita da morte cerebral, mas isso só se confirmou no período da tarde. Minha mãe pensou nas outras mães de crianças que vão receber os órgãos da minha irmã”, explicou Andréa.

Ainda segundo ela, saber que os órgãos da irmã poderão ajudar outras vidas gera um certo conforto.
“O luto é muito grande, mas de certa forma ficamos confortados com esse ato. Uma vida deu vida a mais cinco crianças. Nosso desejo é um dia conhecer quem vai receber o coração para sentir que o órgão da minha irmã ainda bate em outro peito”, finalizou emocionada Andréa.

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