O que os indícios mostram é que, na média, seja qual for a bandeira tarifária em vigor, a população mantém o mesmo consumo
ESTADÃO CONTEÚDO
O argumento central que embasou a criação das bandeiras tarifárias, em maio de 2015, era adotar um mecanismo mensal que desse um "sinal de preço" para a população, ou seja, um critério que sensibilizasse o usuário para reduzir o consumo. Pelas regras atuais, há quatro bandeiras em vigor. Na bandeira verde, não há taxa extra. A faixa amarela custa R$ 2,00 para cada 100 kilowatts (kWh) consumidos. Esse valor sobre para R$ 3 na bandeira vermelha "patamar 1" e para R$ 3,50 na bandeira vermelha "patamar 2".
O que os indícios mostram é que, na média, seja qual for a bandeira
tarifária em vigor, a população mantém o mesmo consumo. A própria
Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) já fez alterações de preços
e de patamares das bandeiras, na tentativa de calibrar a cobrança e ter
um resultado mais efetivo.
A auditoria, que tem como relator o ministro Aroldo Cedraz, deve ser
concluída em dezembro. Nesta semana, uma equipe do TCU se reuniu com
representantes da Aneel para tratar do assunto. Também será avaliado
como as bandeiras têm socorrido as distribuidoras de energia elétrica.
Em 2015, as cobranças extras tiveram um superávit de R$ 1,1 bilhão em
relação às previsões iniciais, mas no ano passado apresentaram um
déficit de R$ 1,6 bilhão. A missão básica das bandeiras é cobrir os
rombos financeiros causados pelo "risco hidrológico", termo usado para
classificar o nível de água nos principais reservatórios das
hidrelétricas, situação que obriga o acionamento das usinas térmicas,
que são mais caras. Daí a criação das bandeiras para pagar essa geração
de energia.
As bandeiras tarifárias foram criadas no embalo do que o governo batizou
de "realismo tarifário". O que se fez foi retirar do Tesouro Nacional o
ônus de bancar as contas bilionárias do setor elétrico - resultado do
desarranjo causado durante o processo conturbado de renovação das
concessões -, passando essa dívida para as contas de luz.
Vermelho 2. Em outubro, a Aneel deve voltar a acionar a bandeira
vermelha. Atualmente, vigora a bandeira amarela. Para decidir maneiras
de atender à demanda de forma mais barata e eficiente, integrantes do
governo federal e de órgãos do setor elétrico vão se reunir hoje em
reunião extraordinária do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico
(CMSE), em Brasília.
De acordo com o diretor-geral da Aneel, Romeu Rufino, não está
descartada a possibilidade de que seja acionado o segundo patamar da
bandeira vermelha, que adiciona R$ 3,50 a cada 100 quilowatt-hora (kWh)
consumidos.
"O regime hidrológico é desfavorável, o custo da energia é crescente e o
custo de acionamento das térmicas mais caras, dentro ou fora da ordem
de mérito, vai elevar o custo da geração de energia", afirmou Rufino. "É
possível que no mês que vem possamos acionar a bandeira vermelha no
patamar 2? É possível."
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