quinta-feira, 10 de novembro de 2016

O tédio de domingo: medo da segunda?


O inicio da noite de domingo para algumas pessoas soa como uma trombeta, e não a dos anjos, anunciando que a brincadeira acabou e que a segunda-feira está logo ali, na porta, aguardando com os afazeres e outros problemas pedindo solução.
O contraste com a alegria da sexta-feira é visível. A euforia sentida 48h antes é substituída pela irritação e a tristeza.
São poucas as pessoas que celebram com entusiasmo a proximidade da segunda-feira. A maioria se queixa da volta ao trabalho, quer seja porque não gosta da função, ou do salário, do chefe, etc. E não pense que este mal estar é típico do mundo adulto. Esta expectativa negativa também atinge os adolescentes e as crianças que são lembrados pelos pais que terão aula no dia seguinte.
Na verdade toda esta insatisfação dificilmente é sentida de forma direta. As pessoas se queixam, mas não sabem explicitar exatamente o porquê deste mal estar. É uma intranquilidade que se mistura com a estranha sensação de que o ócio do fim de semana não foi bem aproveitado. 
Pudera. Numa época de excesso de produção, de trabalho, é preciso que o lazer também seja sinônimo de maratonas de passeios, de afazeres que compensem a correria da semana. Ficar parado pode soar como presença de algum mal. Paradoxalmente, é preciso ocupar o tempo livre vivenciando todo o prazer idealizado para compensar o esforço da semana. E se possível num gole só.
E como este precioso tempo nunca será suficientemente bem investido, a sensação de incompletude toma conta. E o sentimento de culpa e vazio também.
Mas seria apenas esta a explicação?
Se a segunda feira representa o (re) começo, e isto inclui dívidas ocupacionais, cobranças de responsabilidades, desafios, etc., tudo isso é parte inevitável do ciclo da vida. Não dá pra fugir. Até porque é a alteração do ciclo trabalho/lazer que nos individualiza e nos equilibra.
A resposta então pode estar no próprio projeto de vida ou na insatisfação de fato com o trabalho. Tudo merece uma reavaliação. É preciso mergulhar dentro de si e buscar compreender o que está tornando os domingos angustiantes.
Iniciar mudanças, reinventar-se, não é fácil. No entanto, insistir em algo que não te motiva ou que não te faz feliz, só acentuará o vazio interno, camuflado pela correria da semana e que só será “lembrado” aos domingos à noite.
 (*)Jô Alvim é psicóloga clínica. Mestre em Educação (UNESP). Especialista em Neuropsicologia (USP) e Gestão de Pessoas (UNOPAR). Apaixonada por comportamento, é professora de Graduação e pós-graduação.

Para contatos:- jopsicoterapia@gmail.com

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