O inicio da
noite de domingo para algumas pessoas soa como uma trombeta, e não a dos anjos,
anunciando que a brincadeira acabou e que a segunda-feira está logo ali, na
porta, aguardando com os afazeres e outros problemas pedindo solução.
O
contraste com a alegria da sexta-feira é visível. A euforia sentida 48h antes
é substituída pela irritação e a tristeza.
São
poucas as pessoas que celebram com entusiasmo a proximidade da segunda-feira. A
maioria se queixa da volta ao trabalho, quer seja porque não gosta da função,
ou do salário, do chefe, etc. E não pense que este mal estar é típico do mundo
adulto. Esta expectativa negativa também atinge os adolescentes e as crianças
que são lembrados pelos pais que terão aula no dia seguinte.
Na
verdade toda esta insatisfação dificilmente é sentida de forma direta. As
pessoas se queixam, mas não sabem explicitar exatamente o porquê deste mal
estar. É uma intranquilidade que se mistura com a estranha sensação de que o
ócio do fim de semana não foi bem aproveitado.
Pudera.
Numa época de excesso de produção, de trabalho, é preciso que o lazer também
seja sinônimo de maratonas de passeios, de afazeres que compensem a correria da
semana. Ficar parado pode soar como presença de algum mal. Paradoxalmente, é
preciso ocupar o tempo livre vivenciando todo o prazer idealizado para
compensar o esforço da semana. E se possível num gole só.
E
como este precioso tempo nunca será suficientemente bem investido, a sensação
de incompletude toma conta. E o sentimento de culpa e vazio também.
Mas
seria apenas esta a explicação?
Se
a segunda feira representa o (re) começo, e isto inclui dívidas ocupacionais,
cobranças de responsabilidades, desafios, etc., tudo isso é parte inevitável do
ciclo da vida. Não dá pra fugir. Até porque é a alteração do ciclo
trabalho/lazer que nos individualiza e nos equilibra.
A
resposta então pode estar no próprio projeto de vida ou na insatisfação de fato
com o trabalho. Tudo merece uma reavaliação. É preciso mergulhar dentro de si e
buscar compreender o que está tornando os domingos angustiantes.
Iniciar
mudanças, reinventar-se, não é fácil. No entanto, insistir em algo que não te
motiva ou que não te faz feliz, só acentuará o vazio interno, camuflado pela
correria da semana e que só será “lembrado” aos domingos à noite.
(*)Jô
Alvim é psicóloga clínica. Mestre em Educação (UNESP). Especialista em
Neuropsicologia (USP) e Gestão de Pessoas (UNOPAR). Apaixonada por
comportamento, é professora de Graduação e pós-graduação.
Para contatos:- jopsicoterapia@gmail.com
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