segunda-feira, 6 de março de 2017

Baixa demanda desacelera preço de carnes em PP

por ANDRÉ ESTEVES

imparcial.com.br
Segmento encerrou últimos 12 meses com valor inferior ao da inflação; gerências apostam em ofertas para manter clientela


Nos últimos 12 meses, o preço da carne no supermercado aumentou 1,61% contra 6,43% da inflação registrada nos estabelecimentos, de acordo com o IPS (Índice de Preços dos Supermercados), calculado pela Apas (Associação Paulista dos Supermercados) e Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas). Segundo a associação, a necessidade de manter os valores abaixo da inflação é justificada pela redução da demanda diante de um cenário econômico comprometido, que interfere diretamente nos níveis de emprego e renda da população. O balanço ainda aponta que, durante 2016, os preços da carne bovina desaceleraram em 0,07%, enquanto os da carne suína sofreram redução de 2,39%.
Segundo setor supermercadista, menor consumo de carnes é justificado por crise econômica

A reportagem entrou em contato com dois supermercados de Presidente Prudente com o objetivo de repercutir o quadro. Em ambos, foi relatado o mesmo panorama descrito pela Apas. No Supermercado Estrela do Jardim Bongiovani, os preços foram mantidos, tendo em vista que, conforme o gerente Iremar Cordeiro Manso, a “atual crise financeira não permite alta nos valores”. Ele enfatiza que, mesmo com o preço estável, a carne continua um produto caro nos supermercados, considerando que até mesmo as de “segunda qualidade” não saem por menos de R$ 16 por quilo. Neste sentido, a loja aposta na promoção de cortes de aves e na carne suína para não deixar o consumidor sem opção. “Se antigamente, o cliente levava dois quilos de carne, hoje ele leva um de carne e dois de ave”, aponta.
Iremar também salienta que a atual condição do mercado influencia toda a cadeia produtiva, posto que, se os preços não forem ponderados, o consumo diminui ainda mais. “Com isso, o gado fica no pasto e perde peso, o que desqualifica a produção”, argumenta. Questionado sobre a possibilidade da comercialização de carnes mudar de figura em 2017, o gerente afirma que o setor está aquecendo e os clientes estão consumindo mais, porém, com critérios. Com o propósito de não perdê-los, o supermercado faz semanalmente a fiscalização nos valores da concorrência. “Por questão de centavos, há o risco de perder o consumidor, porque o deslocamento em Prudente é muito fácil. O comprador consegue sair de um supermercado e ir para o outro em 15 minutos. Logo, se não houver alinhamento de preços, eu deixo o meu cliente em outro lugar”, destaca.
O encarregado de compras do Supermercado Nagai, Jair de Souza, por sua vez, expõe que a unidade também manteve os preços nos últimos 12 meses, contudo, a tabela foi permeada por oscilações baixas, entre R$ 0,20 e R$ 0,50. Para não deixar o setor em queda, a loja também investe em ofertas. “Conforme a quantidade que o mercado dispõe, é possível fazer semanalmente a promoção de algum tipo de carne. Só não é possível contemplar todas ao mesmo tempo senão saímos no prejuízo”, comenta. Ele denota que, entre as carnes de primeira, as mais procuradas são a alcatra e o coxão mole, ao passo que, das de segunda, destacam-se o acém e o miolo de acém.

Economia

Embora as gerências ressaltem que o preço da carne se mantém dentro da normalidade, os consumidores relatam perceber pequenos aumentos que fazem toda a diferença no valor final da compra. A professora aposentada Ana Lúcia Bonilha, 53 anos, conta que, na hora de passar pelo açougue ou gôndolas de carnes, é motivada pelos valores. “Se a que procuro está muito cara, faço a substituição. Eu costumo usar mais a carne suína, ave e peixe, que saem mais em conta”, ressalta.
A dona de casa Eulina Cavalcante, 57 anos, diz que está sempre em busca de ofertas, mas, na maioria das vezes, recorre às salsichas e linguiças. “Mesmo com a vontade de economizar, não tem como suspender a carne vermelha”, denota. Já a dona de casa Eliana Camargo, 53 anos, acredita que o frango é uma alternativa para escapar dos preços altos. “Mas como não dispenso a carne vermelha, o músculo e o patinho são opções baratas”, avalia. A fisioterapeuta Carla Fittipaldi, 50 anos, por sua vez, argumenta que os “valores estão dentro da normalidade”, mas mesmo assim, tenta economizar. “O jeito é substituir as carnes de primeira pelas de segunda”, pontua.
  

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