O médico cardiologista Augusto César Barretto Filho, 74 anos, acusado de ter praticado supostos crimes de violência sexual, ocorridos em Presidente Prudente, se entregou na tarde de ontem à DDM (Delegacia de Defesa da Mulher), após ter o mandado de prisão preventiva expedido pela Justiça para o cumprimento. De acordo com a delegada Adriana Pavarina, o médico se entregou de forma espontânea enquanto as equipes se deslocavam até sua residência. “Ele foi encaminhado para a Penitenciária de Lucélia, já que é para lá que os acusados de crimes sexuais são destinados”. Até o fim da tarde de ontem, a DDM havia registrado 37 denúncias. O advogado Emerson Longhi, que representa a defesa do médico, alegou que a prisão preventiva é “totalmente desnecessária”, já que o acusado teria comparecido a todos os atos na delegacia. “Além disso, ele não se encontra trabalhando há meses, pois se afastou de suas funções. Vamos estudar quais medidas tomaremos”, salientou.
A movimentação na Delegacia de Defesa da Mulher tem sido intensa nos últimos dias, já que não param de chegar novos depoimentos de mulheres que alegam terem sido abusadas pelo médico cardiologista de 74 anos. Durante todo o dia de ontem, novos quatro casos foram registrados – dado apresentado à reportagem por volta de 17h30, totalizando 37 supostas vítimas. Com a prisão preventiva divulgada, as equipes da Polícia Civil aguardavam apenas o mandado que deveria oficializar a decisão para, então, partirem em busca do acusado.
A delegada Adriana esclarece que foi por volta das 15h que o documento foi entregue e foram iniciadas as medidas para o cumprimento da prisão, a partir da ordem judicial. Com equipes em trânsito até a residência do acusado, os oficiais foram pegos de surpresa com ligações da própria DDM informando que o cardiologista havia se entregado de forma espontânea. “Não conversamos com ele, mas fizemos a captura, registramos em boletim de ocorrência e comunicamos o Judiciário de que ele estava sendo encaminhado para a Penitenciária de Lucélia”. Por fim, Adriana esclarece que a delegacia aconselha que as vítimas se fortaleçam com a prisão do acusado e que se “empoderem”.
Após a entrevista, não demorou muito para que um carro da Polícia Civil se dirigisse até o portão principal da Delegacia de Defesa da Mulher, local em que, por meio de um elevador que dá acesso ao prédio da instituição, o médico saiu acompanhado dos oficiais, com uma blusa na cabeça, tentando preservar sua identidade. A partir de então, ocorreu o encaminhamento para a unidade prisional.
Defesa do médico
O advogado do cardiologista, em entrevista coletiva no fim da tarde, e antes da prisão, afirmou que negociou o ato com a DIG (Delegacia de Investigações Gerais), de forma que fosse organizada uma forma mais adequada para o encaminhado à DDM. “A defesa ressalta que a prisão preventiva é totalmente desnecessária, pois ele [médico] compareceu a todos os atos aqui na delegacia e, atualmente, não se encontra trabalhando há meses, pois ele se afastou de suas funções. Isso está provado. Portanto, a possibilidade de uma reintegração de conduta é inexistente, justamente por causa disso, por ele não trabalhar mais”.
Questionado sobre as medidas que a defesa deve tomar, Emerson esclarece que, entre elas, podem estar um habeas corpus ou até mesmo a revogação da prisão preventiva, mas tudo no “momento correto”. “Dos outros fatos que se dizem que ocorreram, pelo que li no processo, já ultrapassou o prazo decadencial, então, ele não pode responder por esses outros eventuais casos. Isso é uma garantia processual e não uma questão de negar o que houve. A defesa não vai se manifestar sobre o mérito das acusações”.