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O
autotransplante de células-tronco derivadas da medula óssea, realizado
por meio do procedimento de injeção intraocular, mostrou melhora da
visão e maior estabilidade na fixação em pacientes com degeneração
macular relacionada à idade. O resultado positivo atingiu,
principalmente, aqueles menos comprometidos, e ainda, mostrou melhora da
qualidade de vida desses pacientes. O procedimento fez parte do estudo
da oftalmologista Carina Costa Cotrim do Serviço de Retina e Vítreo do
Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto
(HCFMRP) da USP.
Participaram do procedimento dez
pacientes com mais de 50 anos que apresentavam a degeneração macular
seca avançada. O material da medula de cada paciente foi coletado no
próprio Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, por meio de punção do
osso da bacia, procedimento considerado simples pelos especialistas. “A
medula óssea aspirada é rica em células que podem se transformar em
outras células e também apresentam grande potencial em liberar fatores
de crescimento que melhoram o ambiente da retina e resgatam aquelas
células doentes.”
O material
coletado foi processado e as células-tronco isoladas nos laboratórios do
Hemocentro do Hospital das Clínicas da FMRP e injetado em uma
quantidade de 0,1 ml no olho de pior visão. Após a injeção, os
pacientes foram acompanhados de três em três meses até completar um ano.
Nesse período, diz a pesquisadora, passaram por procedimentos como
medida da melhor acuidade visual corrigida, microperimetria,
eletrorretinografia, autofluorescência, angiofluoresceinografia e
tomografia de coerência óptica para avaliar a função visual e, também,
responderam questionários para avaliar a qualidade de vida.
Imagem de fundo de olho exibindo degeneração macular relacionada à idade (DMRI) – Foto: National Eye Institute of the NIH via Wikimedia Commons / Domínio público
Segundo
Carina Cotrim, o estudo é uma análise inicial para o uso dessas células
no tratamento da Degeneração Macular Relacionada à Idade (DMRI) na forma
seca, uma doença incapacitante, que leva à cegueira e afeta 8,7% dos
idosos no mundo. “Até o momento, não existe nenhum tratamento efetivo e,
portanto, é de grande importância estudos nessa área”, ressalta a
pesquisadora.
Durante
todo acompanhamento, afirma a cientista, o tratamento mostrou-se seguro e
o exame de angiofluoresceinografia não apresentou crescimento de vasos
indesejados ou tumores na retina. “Houve melhora da visão da maioria
dos pacientes tratados assim como maior estabilidade na fixação. Os idosos com menor grau da doença, ou seja, menor atrofia, apresentaram melhor evolução que aqueles com maior atrofia.
Para ela, a
explicação para esse dado está no possível resgate funcional das
células que ainda não morreram, mas não funcionam devido ao sofrimento.
“Na avaliação da qualidade de vida, houve melhora significativa com
ênfase na melhora da visão de cores e na saúde mental desses pacientes
já aos seis meses de acompanhamento.”
Foto: Arquivo pessoal
Carina
Cotrim lembra que diversas células-tronco estão sendo estudadas para as
doenças oculares em todo o mundo. Células semelhantes às utilizadas em
seu estudo também foram avaliadas pela pesquisadora Susanna Park na
Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, e também mostraram
resultados animadores. A
pesquisadora lembra, ainda, que o número de pacientes na pesquisa
brasileira foi pequeno, por isso novos estudos devem ser realizados para
ampliar os testes e confirmar os resultados.
O artigo Uso
intravítreo de fração mononuclear da medula óssea (FMMO) contendo
células CD 34+ em pacientes portadores de degeneração macular
relacionada com a idade na forma atrófica” (Intravitreal use of bone marrow mononuclear fraction containing CD34+ stem cells in patients with atrophic age-related macular degeneration) foi publicado na Revista Clinical Ophthalmology,
no ano passado e resultado do mestrado de Carina Cotrim. Assinam também
o artigo Luiza Toscano, André Messias, Rodrigo Jorge e o professor
Rubens Camargo Siqueira, que foi orientador do mestrado, defendido em
2016. Mais informações: e-mail cariscotrim@hotmail.com
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