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Foto: Arquivo - Marcelo: “privilegia bom pagador” |
O score,
conhecido como um cadastro positivo ou política de pontos, diretamente
ligado à compra por meio do crediário para aqueles que estão com suas
contas em dia, pode refletir numa maior ou menor taxa de juros
praticadas e oferecidas à população, mas não na impossibilidade de
comprar, ou na limitação de possibilidade de aquisição. De acordo com o
advogado especialista em Direito do Consumidor, Marcelo Flávio Cezário,
o que impede a compra, tanto para um empréstimo como para um
financiamento, é o cadastro negativo dos inadimplentes, com o
consequente bloqueio do CPF (Cadastro de Pessoas Físicas).
A
compra no crediário, segundo o especialista, é a possibilidade de
crédito liberado pelos órgãos que “controlam” a vida dos consumidores,
como por exemplo, o Serasa. Contudo, ele destaca que se a pessoa está
com alguma dívida ou conta atrasada, pode ocorrer da decisão dos
credores solicitarem que o CPF seja negativado e incluído dentro do
controle de inadimplentes, como o próprio Serasa, no Cadin Estadual
(Cadastro Informativo dos Créditos não Quitados de Órgãos e Entidades
Estaduais), entre outros. “O atraso também pode influenciar no score,
já que com uma pendência, o valor pode ser reduzido, mas se tudo está
em dia, aí sim é possível optar pelo crediário”, analisa.
O
cadastro positivo auxilia aqueles que têm o controle de gastos e pagam
conforme as datas estipuladas. “Por isso, quanto mais bem pontuado,
melhores serão as taxas praticadas para um financiamento, por exemplo.
Assim, esta demanda privilegia o bom ‘pagador’”, comenta Marcelo.
Entretanto, ao retomar a negativação dos inadimplentes, devido à falta
de controle de pagamento, o especialista explica que o devedor tem a
consciência de sua situação financeira, por isso está sujeito a um
cenário em que é impedido de adquirir um produto na hora das compras. Se
quitar as dívidas, o credor tem a obrigação de retirar a restrição que
estava no nome do cidadão.
Política de pontos
De acordo com o educador financeiro Moisés Silva Martins, o recurso score sempre
existiu, porém era pouco divulgado pela falta de acesso à internet no
passado e ressalta dizendo que ele também pode ser considerado como um
limitador da possibilidade do consumidor cumprir com suas contas. “Seu
limite, geralmente, atinge até 70% da renda de cada um”, salienta. Sendo
assim, ele também orienta a população a entender como funciona o
crediário.
“A
opção funciona com a compra dividida em prestações iguais e com datas
pré-estabelecidas e, dependendo do local da aquisição, nunca pode
ultrapassar mais de 30% do valor do salário da pessoa”, repercute
Moisés. Sem cuidado, os recursos citados podem se tornar prejudiciais
devido aos altos juros impostos. “Com um parcelamento que vai de zero a
48 meses, é necessário avaliar se realmente precisa comprar e também
temos que levar em consideração que o brasileiro compra muito por
impulso, ou seja, existe um descontrole”, conclui.
Na
semana do feriado da Páscoa, a analista administrativa Daniella Graça,
22 anos, tentou comprar um novo celular em uma loja de eletrodomésticos
em Presidente Prudente. Contudo, se deparou com uma situação
“desconfortável”, pois foi impedida de realizar a compra por causa de
sua pontuação no score. “Até levei meu holerite para mostrar que podia arcar com a despesa e que possuo renda para a compra”, conta.
“Quando a compra foi para o crediário para ser aprovada, me disseram que era recusada porque eu não tinha pontos no score
e percebi que essa situação é comum com outras pessoas também. Me senti
prejudicada porque não consegui entender o motivo dessa metodologia de
pagamento e também porque é um sistema falho”, finaliza a analista
administrativa.
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