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Leveduras brasileiras selecionadas são resistentes às condições estressantes da fermentação, sendo aptas para a elaboração de cervejas com maiores teores alcoólicos – Foto: Gerhard Waller
.
. Um
estudo desenvolvido na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz
(Esalq) da USP pode romper com o paradigma de que cervejas de qualidade
exigem leveduras oriundas de países onde a produção da bebida é muito
tradicional. A partir de leveduras selecionadas na biodiversidade
brasileira, foi possível identificar leveduras resistentes ao processo
industrial de cerveja e resultaram em bebidas com características
diferenciadas de aroma e sabor que agradaram o paladar.
A pesquisa foi realizada por Renata Maria Christofoleti Furlan, a
partir do Programa de Pós-Graduação em Microbiologia Agrícola da Esalq,
com orientação do professor Luiz Carlos Basso, do Laboratório de
Bioquímica e Tecnologia de Leveduras, e coorientação do professor André
Ricardo Alcarde, do Laboratório de Tecnologia e Qualidade de Bebidas.
Seleção de leveduras
Em laboratório, foram avaliados aspectos metabólicos, fisiológicos e tecnológicos, permitindo a seleção de leveduras Saccharomyces cerevisiae
com atributos relevantes para o processo cervejeiro e com o potencial
de produção de cervejas únicas e de alta qualidade. “A biodiversidade
brasileira tem um potencial enorme para se buscar novos
micro-organismos, e no nosso estudo as leveduras foram isoladas de
processos de bioetanol, ambiente até então não explorado na busca de
leveduras para o processo cervejeiro”, explica o professor Basso.
Saccharomyces cerevisiae:
“Leveduras constituem o ponto crucial, tanto no que se refere à
resistência às condições do processo, permitindo um bom desempenho
fermentativo, quanto no que tange à produção dos compostos relacionados
ao aroma e sabor da bebida”, diz pesquisadora – Foto: Wikmedia Commons
“As leveduras selecionadas são resistentes às condições estressantes
da fermentação, sendo aptas para a elaboração de cervejas com maiores
teores alcoólicos, além de serem resistentes a fermentações
subsequentes, prática comum nas cervejarias. Os resultados também levam a
crer que tais linhagens podem contribuir para a produção de cervejas
especiais diferenciadas, com peculiaridades de sabor e aroma”,
acrescenta.
Algumas das leveduras avaliadas proporcionaram notas a frutas passas,
banana e especiarias, mostrando-se com potencial para a produção de
cervejas com um bouquet mais complexo.
Inovações na produção
Renata indica que “a crescente demanda por cervejas especiais tem
levado o setor a buscar inovações”. No domínio da fermentação, “as
leveduras constituem o ponto crucial, tanto no que se refere à
resistência às condições do processo, permitindo um bom desempenho
fermentativo, quanto no que tange à produção dos compostos relacionados
ao aroma e sabor da bebida”. Nesse sentido, diz: “A levedura pode ser um
elemento chave para obtenção de um produto diferenciado”.
Renata Maria Christofoleti Furlan e
professor Luiz Carlos Basso, do Laboratório de Bioquímica e Tecnologia
de Leveduras: leveduras nacionais permitiriam a regionalização do
produto, enaltecendo o conceito de personalidade das cervejas especiais –
Foto: Gerhard Waller
A pesquisadora informa que no mercado de cervejas, existe grande
dependência por matéria- prima importada. “Isso ocorre com o malte, o
lúpulo e também com a levedura. Praticamente todas as leveduras
comercialmente disponíveis são de origem estrangeira, de países onde a
bebida é muito tradicional como Alemanha, Bélgica ou Estados Unidos, por
exemplo.” Assim, “há, de certa forma, um senso comum de que leveduras
capazes de produzir cervejas de alta qualidade têm origem nesses
locais”. Saccharomyces cerevisiae – Foto: Bob Blaylock via Wikimedia Commons / CC BY-SA 3.0
Ela lembra que o perfil fisiológico, associado à aplicação
tecnológica, abre portas para a utilização de leveduras brasileiras nos
processos cervejeiros, podendo ampliar a gama de leveduras disponíveis
para a produção de cerveja no Brasil. “O setor cervejeiro no País carece
de leveduras próprias e estas linhagens, tipicamente nacionais,
diminuiriam a dependência de leveduras importadas e permitiriam a
regionalização do produto, enaltecendo o conceito de personalidade das
cervejas especiais.”
Agora com pedido de patente já registrado no Instituto Nacional de
Propriedade Intelectual, o trabalho está em fase de prospecção de
negócios com auxílio da Agência USP de Inovação. Caio Albuquerque / Assessoria de Comunicação da Esalq .
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